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CACHOS DE VERDADE
Por outro lado, longe dos holofotes, as redes sociais têm sido um grande meio de dissipação de informações e histórias que encorajam e apoiam quem deseja assumir os fios naturais. Embalada por essa corrente, MONIQUE ABRANTES, jornalista e cacheada convicta, decidiu juntar sua experiência pessoal com o conhecimento adquirido nos anos trabalhados em uma revista especializada em cabelos. Assim, surgiu o blog CACHOS DE VERDADE. “Minha intenção é educar, transmitir informação de qualidade que possa ser aproveitada por qualquer público. É mostrar que é possível, sim, ter cabelos encaracolados e crespos bem-cuidados e bonitos, mas o que precisa mudar é a forma como lidamos com ele”, afirma.
Ela conta que começou a usar alisamentos químicos ainda jovem, aos 12 anos. Com o passar dos anos, os fios não aguentaram a pressão. “Quando vi que meu cabelo estava um bagaço, fui ao salão após sair da faculdade. Não foi nada premeditado, simplesmente fui e disse ‘corta tudo, só deixa a raiz natural’”, relembra.
“Essas MULHERES SOFREM PARA SE PARECER COM ALGO QUE NÃO É VERDADEIRO em função de querer alcançar um objetivo estético que não é real”, opina o cabeleireiro Wilson Eliodoro. Em geral, elas passam anos reféns de produtos capilares, chapinhas e idas ao salão porque, ao menor sinal de que a raiz está visível, é hora de fazer a manutenção.
E mesmo quando o liso está em dia, há quem tenha medo de prejudicar o visual. Então, muitos momentos de diversão acabam ficando de lado. “A vida fica restrita ao efeito do cabelo. Elas não podem ir à piscina ou praia”, diz Eliodoro.
REDESCOBERTA
Depois de abandonar a chapinha e companhia, Monique se diz livre. “É uma sensação de liberdade muito grande, de não precisar mais desses artifícios para me sentir bem e bonita”, conta. Para a blogueira, querer assumir o próprio cabelo já é 50% de sucesso no objetivo final.
CAMILA FRANCINI, radialista, conta que todo o processo de libertação dos cachos foi uma redescoberta pessoal. “Libertei também toda a insegurança causada pelas imposições da sociedade que vivemos. Muito se fala sobre vaidade, mas esquecemos de atribuir o excesso dela a ditadura da beleza que vivemos”, diz.
Aos 11 anos, a jornalista NAIARA ARAÚJO foi repreendida pela catequista por não ter feito uma escova no cabelo no dia de sua primeira comunhão. Nunca mais esqueceu a história e, ao alisar os cabelos, sentiu fazer parte de um grupo. “Lembro que foi uma alegria, eu me sentia bonita e feliz com o meu ‘novo cabelo’”. Hoje, no entanto, desistiu dos procedimentos e passou a se reconhecer novamente. “Não me arrependo de ter passado pelo alisamento, pois foi a melhor solução na época. A sociedade faz a gente viver em busca de padrões, e a genteACABA NÃO ENXERGANDO O QUE A JÁ TEM, A BELEZA NATURAL, e assim fica difícil se valorizar”, explica.
As informações encontradas em blogs, como o de Monique, vlogs, páginas do Facebook e perfis do Instagram são mais do que um apoio para quem quer assumir o cabelo crespo. “Em 2010, quando tomei a decisão, esse movimento não era tão forte como é hoje. Quando você percebe que é possível, sim, aceitar seus cabelos do jeito que eles são é muito bacana. Um efeito dominó é gerado, porque isso influencia e incentiva outras pessoas”, fala a blogueira.
“Tenho a impressão de que nasci de novo. E diferente do que muita gente acha, a melhor parte foi nascer diferente de tudo que vejo todos os dias nas ruas”, conta Camila.
DICAS E CONSELHOS
Eliodoro afirma que o cabelo crespo, por natureza, é mais seco. Portanto, a hidratação é essencial e precisa ser feita, pelo menos, semanalmente. “É um jogo de erros e acertos. Experimente de tudo até achar o produto adequado para você”, indica.
Ele ainda conta que o creme para pentear é um grande aliado, mas ter um cabeleireiro de confiança também faz parte. “O profissional vai te ajudar a conquistar o cabelo que você quer”, fala.
- Dica retirada do portal Daquidali para o #BlogDupé ;)